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quinta-feira, 12 de maio de 2011

A Mulher de Jó - Poesia

"Mesmo com toda esta dor, ainda mantêm sua sinceridade, homem? Amaldiçoa seu Deus e morra"
(Jó 2.9)

Hoje, olhando para as cinzas onde rolavas o corpo doente,
Lembrei da primeira vez que o vi,
Homem belo, sóbrio, cheio de vida, contente.
Quantas felicidades revivi.

Por alguns minutos todo o mal cheiro,
Dissipou-se todo o odor ocre de morte,
E o vi ainda de posse de toda sua antiga sorte.

Lembrei-me que saia a sacrificar por nossos filhos,
Filhos queridos que a morte exterminou,
Lembrei-me das noites de insônia, cânticos sem estrebilhos.

Sofri com todas estas lembranças e retornei,
De novo a nossa realidade insana,
Então, angustiada até a morte, chorei.

Pela primeira vez em todos estes meses, humana,
Desiludida, sem esperança, pequei
E a alma angustida, gritou, profana,
A febril e infeliz frase, pela qual lembrada serei.

Que ao menos as mães da terra,
Possam entender a dor que o peito encerra,
Ao relembrar todos os meses de espera e dor,
Que me separavam de meu infeliz amor.

Meus filhos mortos estão,
Meu esposo morre aos poucos no quintal,
Seus amigos, outrora irmãos, criticam sua posição,
E para mim só a dor que dilacera e é real.

Nem mesmo um filho de resto,
Um carinho, um amor, um afeto,
Para acabar com meu tormento e dor,
Do céu só vem o silêncio do Criador.

Tem piedade de nós, Senhor.


Elisabeth Lorena Alves 
Sob Palavra do Pastor Sérgio

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